segunda-feira, 10 de maio de 2010

“Chá & bar”: reflexões sobre a futura relação conjugal...

Foto: http://flickr.com/photos/pablobasile
Outro sábado, participando do “chá & bar” de um amigo, saboreei aquele momento tão agradável, ao lado de pessoas queridas, e divertido, com as inesperadas surpresas reservadas aos noivos. Na oportunidade, eu conversava com jovens casais sobre algumas coisas que considero essenciais para uma relação conjugal saudável e duradoura, como é o caso da preservação da individualidade de cada um, evitando-se o controle inconveniente de um pelo outro.
 
Em “Quem me roubou de mim?”, Fábio de Melo revela que o mito do amor romântico parece fortalecer nas culturas o desejo que o ser humano tem de encontrar no seu mundo exterior a solução para as suas imperfeições. “É quase uma camuflagem. Desejosos de curar as consequências de nossas precariedades, passamos a buscar nas coisas, nas pessoas e nas situações o remédio que nos sanaria de nossas incompletudes”, escreve.
 
Somos imperfeitos, conta o escritor, mas não estamos condenados a ser vítima de nossa imperfeição, uma vez que a beleza da vida está em descobrir o movimento que pode diminuir as consequências do que em nós é imperfeito. “O outro também não está condenado a morrer com seus defeitos. Dessa forma, num encontro de imperfeitos, nasce um desejo concreto de juntos lapidarem suas humanidades, na busca de uma harmonia que podemos chamar de amor”.
 
Em seu artigo “Casamentos possíveis” (Folha de S.Paulo, Ilustrada, 10/9/2009), Contardo Calligaris  observa que uma das boas razões para se casar é a seguinte: uma vez casados, podemos culpar o casal por boa parte de nossas covardias e impotências. “... em geral, a gente casa com a pessoa ‘certa’: a que podemos culpar por nossos fracassos. E essa, repito, não é uma razão para se separar. Ao contrário, seria uma boa razão para ficar juntos. Quando a coisa aperta, não é porque sonhos e devaneios teriam sido frustrados ‘por causa do outro’, mas pelas ‘cobranças’, que, elas sim, podem se revelar insuportáveis.”
 
Lei da atração
 
Para Flávio Gikovate, em sua obra “No divã do Gikovate”:  “Na questão conjugal, toda vez que o indivíduo doa muito, reforça o egoísmo do outro, faz o mal, e não o bem, porque, para você poder exercer sua generosidade, tem de reforçar a pior parte da alma do outro. Então, nesse sentido, a generosidade deixa de ser virtude. Enfraquece a pessoa que está recebendo, e você não sabe mais se ela está com você por amor ou por necessidade crescente. Ajudar o outro a progredir e a se tornar parecido com você é uma coisa boa, mas deixa de ser, caso você se beneficie de sua superioridade para deixar o outro carente, frágil e dependente”.
 
“Nossa história é a história da expansão da consciência. Precisamos estudar a jornada que empreendemos e aprender a partir dela. A razão pela qual a maioria das pessoas não consegue entender os outros está ligada à falta de compreensão de si mesmas”, escreve Robert Happé, em sua obra “Consciência é a resposta”.
 
Para Happé, o entendimento que nos faz mudar de patamar começa com entendermos a nós mesmos. Não é fácil observar e compreender a maneira como nos expressamos em nosso próprio ambiente, mas tal tarefa constitui-se num exercício diário que precisamos ter a coragem de empreender. “Quando passamos a entender a nós mesmos, torna-se simples entender os demais”.
 
Em sua crônica “Tempo tempo tempo” (jornal O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 28/3/2010), Daniel Piza diz que a cultura latina, a seu ver, põe ênfase excessiva nos laços pessoais; por medo de magoar os outros, todos terminam muito mais magoados do que se tivessem uma conversa franca, educada, mas sem concessões.
 
“O amor você nunca pode perder, pois ele circula o tempo todo através de seu ser. Quanto mais você reconhece essa energia dentro de você e a torna significativa no mundo em que vive, compartilhando esse poder com os outros, mais energia você será capaz de gerar. E ela nunca vai faltar, pois é a substância essencial, comum a todos nós, seres humanos”, considera Happé.
 
Assim, citando ainda Happé, “Uma das Leis Cósmicas mais importantes é o conhecimento de que todo ser vivo possui a força e o poder de magnetizar para si tudo o que é necessário para o seu desenvolvimento e crescimento. Essa é uma Lei que merece toda atenção, porque significa que qualquer situação ou pessoa que encontramos, fomos nós que atraímos, em função da necessidade dessa experiência para nosso próprio desenvolvimento”.

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