Em relação à classe política, com raras exceções resta pouca esperança... Penso que só pelo fato de alguém pretender ingressar na política há de se colocar um pé à frente e outro atrás, em relação ao caráter de tal pessoa. Até que se prove o contrário!
Não tenho intenção de reproduzir simplesmente o que dizem alguns articulistas. Sou rigoroso em selecionar os conteúdos que preenchem o meu blog. Já falei sobre isto algumas vezes: tenho prazer em compartilhar com meus leitores textos como este: “Em Sucupira, nem todos são Odorico”, de autoria de Ferreira Gullar (Folha de S. Paulo, Ilustrada, 1º de agosto de 2010). Considero um desperdício descartar o jornal com uma preciosidade como essa.
Eis a síntese do artigo de F. Gullar:
“Num país onde impera a safadeza – onde se faz que faz, mas não faz, onde se faz comício para assinar contrato de obras que não serão feitas -, país que é, na verdade, a Sucupira de Odorico Paraguaçu, uma personalidade como Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei, tem de servir de exemplo.
Ao contrário dos que fingem que fazem, ele faz; ao contrário dos que fingem que trabalham, ele trabalha; ao contrário dos enganadores irresponsáveis, ele é responsável, competente, dedicado inteiramente ao compromisso que assumiu. Um exemplo para todos nós, cidadãos de Sucupira!
Fora isso, ele é mesmo um exemplo de técnico, um exemplo não só de dedicação, mas também de competência. Seria um absurdo atribuir simplesmente à sorte a quantidade de vitórias que conquistou, culminando agora com o nono título de campeão da Liga Mundial de Vôlei.
... No futebol, acho um exagero quando se atribui tudo ao técnico, se o time ganha e, especialmente, quando perde: se perder várias vezes seguidas, dança. Acho injusto, porque o jogo se decide no campo, não basta o técnico ser bom. Mas, e no vôlei, o jogo não se decide na quadra? Por que então atribuir o êxito ao Bernardinho?
O argumento é procedente: no vôlei, como no futebol, se ganha é jogando bem e não é o técnico que joga por todos ali. Sim, mas há uma diferença, que tem a ver com o tamanho da quadra de vôlei, muito menor que o campo de futebol e onde há menos gente jogando. Daí a influência maior do técnico no resultado de uma partida de vôlei.
É uma teoria, claro. Penso o seguinte: no vôlei, como há menos jogadores num espaço menor, pode o técnico ter mais controle sobre as probabilidades das jogadas, como atuará o adversário, que possibilidades tem de neutralizá-lo etc.
Já no futebol, com tantos jogadores em campo, deslocando-se num espaço enorme e com muito maior liberdade, o grau de probabilidades é muito alto, e, por isso, foge à previsão do técnico. É claro que, tanto num caso como noutro, o talento dos jogadores é decisivo, uma vez que, com maus jogadores, nenhum técnico montará um time vencedor, tanto no futebol quanto no vôlei.
[...] numa disputa como esta da Liga Mundial de Vôlei, que o Brasil acaba de vencer, em que todos os times são excelentes e os jogadores, do mais alto nível, por que, então, o Brasil vence sempre? E mais: o time que venceu domingo passado era quase todo de novos jogadores. Se os jogadores mudaram e o time continuou vencendo, temos de reconhecer que o craque maior desse time é mesmo o Bernardinho.
E já que falei em Sucupira e em Odorico Paraguaçu, é quase inevitável perguntar: e se o Bernardinho se candidatasse a prefeito ou governador? Nem pensar!
A análise que fiz, comparando futebol e vôlei, vale muito mais para a política: aqui, não só o campo de atuação é muito maior, o número de ‘jogadores’ também é maior. Neste jogo, ninguém obedece às regras: pelo contrário, está todo mundo a fim de burlá-las. Vence quem ‘dribla’ mais...”
Não tenho intenção de reproduzir simplesmente o que dizem alguns articulistas. Sou rigoroso em selecionar os conteúdos que preenchem o meu blog. Já falei sobre isto algumas vezes: tenho prazer em compartilhar com meus leitores textos como este: “Em Sucupira, nem todos são Odorico”, de autoria de Ferreira Gullar (Folha de S. Paulo, Ilustrada, 1º de agosto de 2010). Considero um desperdício descartar o jornal com uma preciosidade como essa.
Eis a síntese do artigo de F. Gullar:
“Num país onde impera a safadeza – onde se faz que faz, mas não faz, onde se faz comício para assinar contrato de obras que não serão feitas -, país que é, na verdade, a Sucupira de Odorico Paraguaçu, uma personalidade como Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei, tem de servir de exemplo.
Ao contrário dos que fingem que fazem, ele faz; ao contrário dos que fingem que trabalham, ele trabalha; ao contrário dos enganadores irresponsáveis, ele é responsável, competente, dedicado inteiramente ao compromisso que assumiu. Um exemplo para todos nós, cidadãos de Sucupira!
Fora isso, ele é mesmo um exemplo de técnico, um exemplo não só de dedicação, mas também de competência. Seria um absurdo atribuir simplesmente à sorte a quantidade de vitórias que conquistou, culminando agora com o nono título de campeão da Liga Mundial de Vôlei.
... No futebol, acho um exagero quando se atribui tudo ao técnico, se o time ganha e, especialmente, quando perde: se perder várias vezes seguidas, dança. Acho injusto, porque o jogo se decide no campo, não basta o técnico ser bom. Mas, e no vôlei, o jogo não se decide na quadra? Por que então atribuir o êxito ao Bernardinho?
O argumento é procedente: no vôlei, como no futebol, se ganha é jogando bem e não é o técnico que joga por todos ali. Sim, mas há uma diferença, que tem a ver com o tamanho da quadra de vôlei, muito menor que o campo de futebol e onde há menos gente jogando. Daí a influência maior do técnico no resultado de uma partida de vôlei.
É uma teoria, claro. Penso o seguinte: no vôlei, como há menos jogadores num espaço menor, pode o técnico ter mais controle sobre as probabilidades das jogadas, como atuará o adversário, que possibilidades tem de neutralizá-lo etc.
Já no futebol, com tantos jogadores em campo, deslocando-se num espaço enorme e com muito maior liberdade, o grau de probabilidades é muito alto, e, por isso, foge à previsão do técnico. É claro que, tanto num caso como noutro, o talento dos jogadores é decisivo, uma vez que, com maus jogadores, nenhum técnico montará um time vencedor, tanto no futebol quanto no vôlei.
[...] numa disputa como esta da Liga Mundial de Vôlei, que o Brasil acaba de vencer, em que todos os times são excelentes e os jogadores, do mais alto nível, por que, então, o Brasil vence sempre? E mais: o time que venceu domingo passado era quase todo de novos jogadores. Se os jogadores mudaram e o time continuou vencendo, temos de reconhecer que o craque maior desse time é mesmo o Bernardinho.
E já que falei em Sucupira e em Odorico Paraguaçu, é quase inevitável perguntar: e se o Bernardinho se candidatasse a prefeito ou governador? Nem pensar!
A análise que fiz, comparando futebol e vôlei, vale muito mais para a política: aqui, não só o campo de atuação é muito maior, o número de ‘jogadores’ também é maior. Neste jogo, ninguém obedece às regras: pelo contrário, está todo mundo a fim de burlá-las. Vence quem ‘dribla’ mais...”
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