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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

“Avatar”, segundo Marcelo Gleiser

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro “A Harmonia do Mundo”. Ele escreve semanalmente para o jornal Folha de S.Paulo, caderno Mais!, +(c)iência. É nele que me inspiro para abordar o filme “Avatar”, que certamente revoluciona a história da arte cinematográfica. Há até quem diga que o cinema experimentou três grandes revoluções: o som, a cor e o “3D” (três dimensões) “Avatar”.
 
Segundo a Wikipédia – a enciclopédia livre, qualquer representação gráfica de um objeto apresenta-se com duas dimensões – “2D” (altura e largura), mas, com o auxílio de óculos especiais que transmitem uma imagem diferente para cada olho (alterando assim o ângulo de cada um deles e fazendo com que o cérebro crie a sensação de profundidade) ou com o auxílio da computação gráfica, dentre outros recursos, pode-se fazer com que a figura dê a impressão de apresentar, também, profundidade, que permite maior semelhança com o objeto representado.
 
Em seu artigo “Avatar” (Folha de S.Paulo, 10 de janeiro de 2010), Marcelo Gleiser escreve que, sem dúvida, ação e efeitos especiais não faltam ao filme. As técnicas de computação gráfica são revolucionárias e iniciam uma nova fase na história da cinematografia. “Extremamente oportuna e necessária, a criação do diretor James Cameron faz, de forma muito bela e eficiente, o que milhares de cientistas vêm tentando há anos: mostrar às pessoas os riscos da exploração desordenada das fontes de riqueza de um planeta”.
 
“O filme é um dos mais belos que já vi”, revela Gleiser.  Conta o articulista que as árvores majestosas e seus “espíritos”, uma representação da hipótese Gaia – segundo a qual a Terra como um todo é um ser vivo –, são pura poesia visual. Um paraíso inspirado por visões de uma floresta tropical não tão diferente da nossa Amazônia.
 
Eu, particularmente, confesso que as cenas das árvores são especialmente emocionantes. Para quem vive de forma contemplativa e espiritual, é uma viagem ao mundo da energia cósmica.
 
“O filme me faz pensar nas indústrias farmacêuticas norte-americanas e europeias e seu interesse em extrair conhecimento e riqueza da medicina nativa e da biodiversidade da Amazônia e de outras florestas”, observa o cronista. Para Gleiser, a mensagem do filme é simples: se não controlarmos o ritmo em que estamos explorando as riquezas do nosso planeta, em breve não teremos mais o que explorar. “Como o zinco, por exemplo, que deve se esgotar em torno de 2040. Outros metais têm o mesmo destino”, alerta o físico.
 
“No filme, temos a opção de ir a outro planeta encontrar o que não temos aqui. O metal “unobtainium” (que significa ‘que não pode ser obtido’) é uma óbvia metáfora para qualquer preciosidade rara por aqui, diz Gleiser. A realidade, infelizmente, é que não temos esse tempo todo. E nem a opção de ir a outro planeta. Temos de resolver nossos problemas por aqui mesmo. E o mais rápido possível”, adverte o estudioso.
 
“Avatar” mistura a tecnologia “3D” com animação e vida real. Uma obra de arte. Para Ana Flávia Simões, estudante do curso de pós-graduação em Crítica de Cinema da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), James Cameron desdobra-se com a tecnologia na produção do filme para enfatizar justamente o oposto, que é o essencial: a perda do vínculo do homem com o que é natural.
 
Para a estudante, Cameron consegue ainda resgatar um pouco a experiência única das salas de projeção cinematográfica, ou seja, fazer com que as pessoas retornem a esses ambientes, pois “Avatar” é diferente daquilo que você pode ter em casa.
 
“A avassaladora trajetória de ‘Avatar’ é considerada uma alternativa segura e lucrativa para a eterna ameaça sofrida  pelo cinema, seja pela pirataria, seja pela luta da atenção dos jovens, que dispõem de várias outras ferramentas lúdicas na internet”, comenta o jornalista Ubiratan Brasil em seu artigo “O efeito Avatar”, publicado no jornal “O Estado de S.Paulo, Caderno 2, 19 de janeiro de 2010. Esse longa de ficção científica em 3D tornou-se o terceiro filme que mais arrecadou nas bilheterias americanas, observa Ubiratan.
 
Assisti “Avatar” recentemente e confesso ter-me fascinado com o conjunto dessa sedutora obra da arte da cinematografia. Não deixem de ver!

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