Li nestes dias um depoimento emocionante de Roberto Goldkorn, psicólogo e escritor, sobre o seu pai, que está com Alzheimer. “Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e nunca mais esqueceu: esternoclidomastóideo”, diz Goldkorn.
Segundo o psicólogo, o diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para ele, basta saber que o pai esquece o nome do filho, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.
O que fazer para evitar tal degeneração? Lendo muito, orienta Goldkorn, escrevendo, buscando a clareza das ideias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida “bandida”. O conselho desse profissional é para não sermos infalíveis como o seu pobre pai; não chegarmos ao topo nunca, pois dali só há um caminho: descer. “Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos”, diz. Ele até mesmo incentiva que aprendamos outra língua, mesmo aos sessenta anos.
Diversificar: algo essencial para o cérebro
Na crônica “Diversificar sempre” (Folha de S.Paulo, Equilíbrio, 12/2/2009), Wilson Jacob Filho (professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo) revela: “Sabemos que o cérebro mantém a capacidade de adquirir novas aptidões durante a vida. Estudos recentes mostram que desafiar as rotinas produz efeitos interessantes na capacidade de raciocínio”.
Para Wilson Jacob, por quem tenho grande admiração, há ao menos dois caminhos: fazer coisas novas e/ou fazer as mesmas coisas de forma diferente. Em ambos, somos obrigados a desenvolver outras estratégias de ação, o que determina a provável formação de novas conexões cerebrais. Para o médico, quem permanece aprendendo mantém capacidades de atividade cerebral semelhantes às dos mais jovens.
E isso não depende de cursos onerosos ou capacidades especiais, observa. Ao contrário, essas mudanças de atitude devem permear o cotidiano: aprender a preparar um prato, a podar uma roseira, a embrulhar um presente, são exemplos de aptidões que se pode adquirir facilmente. As mais complexas, como aprender um idioma, podem ser consequências naturais dessa mudança de hábito. Jacob convida a todos, então, a se fazerem a seguinte pergunta: “O que posso aprender hoje?” Seus neurônios agradecerão, finaliza o médico.
Com base nas declarações desses dois profissionais, fiquei tão motivado que comecei ontem mesmo, aos 60, a fazer “Sudoku”. Quem conhece? Basicamente, trata-se de um joguinho com nove quadrados, contendo números de um a nove, que não podem ser repetidos na mesma coluna e linha. Além de jogar o “Sudoku”, tenho o hábito de estar sempre incorporando algo novo em minha vida.
Navegar na internet auxilia a memória
Realizar pesquisas na internet pode trazer mais benefícios ao cérebro de pessoas de meia-idade e de idosos do que simplesmente a leitura de um livro, escreve a jornalista Cláudia Collucci no artigo “Busca na internet ativa cérebro de idoso” (Folha de S.Paulo, Saúde, 16/10/2008). Segundo a jornalista, a conclusão é de um estudo da Universidade da Califórnia (EUA), publicado no periódico científico “American Journal of Geriatric Psychiatry”.
Collucci menciona que, no envelhecimento, o cérebro sofre mudanças, como o encolhimento e a redução na atividade celular. Buscas na web estimulariam áreas cerebrais que controlam a tomada de decisões e o raciocínio complexo, segundo o estudo. Na avaliação de neurocientistas, atividades como palavras cruzadas, jogo de xadrez, baralho e outras atividades cerebrais estimulantes têm se revelado boas alternativas para as pessoas mais velhas reduzirem o risco de sofrer de demência, conta a jornalista. Nessa lista, eu incluo a importante atividade do voluntariado, que traz benefícios mútuos, para a pessoa que se doa e para a sociedade.
Mude já o comportamento rotineiro
O psicólogo Roberto Goldkorn dá várias dicas para escapar do Alzheimer. Ele coloca a palavra “felicidade” no topo da sua lista de prioridades, pedindo às pessoas que se mantenham interessadas no mundo, nas pessoas, no futuro...
Goldkorn revela que uma descoberta dentro da neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de sua conexão. Os autores dessa descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), explicam que “neuróbica”, a “aeróbica dos neurônios”, é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios. Cerca de 80% do nosso dia a dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o trabalho do cérebro.
Com isto, Goldkorn observa que o desafio da “neuróbica” é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. Eis algumas outras dicas: a) usar o relógio de pulso no braço direito; b) escovar os dentes com a mão contrária da de costume; c) andar pela casa de trás para frente (ele viu isso na China: pessoas treinando num parque); d) vestir-se de olhos fechados; e) estimular o paladar, comendo coisas diferentes; f) ver fotos de cabeça para baixo; g) ver as horas num espelho; h) fazer um caminho novo para ir ao trabalho...
Para finalizar, diz o psicólogo: critique menos e trabalhe mais. E nunca se esqueça de agradecer!
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”, escreveu Albert Einstein.
Eu, Tom Simões, penso como é bom quando conseguimos conciliar por toda a Vida a fantasia e a inocência inatas da criança com a generosidade e a sabedoria dos grandes Mestres. Penso também como devem ser infelizes as pessoas que ficam ranzinzas ao longo dos anos, não se renovam e exercitam suas mentes apenas para se lamentar e criticar. Desperdiçam o seu tempo, não aproveitando oportunidades de se transformar em instrumentos valiosos para a construção de um mundo melhor.
Temos de ter paciência com pessoas estacionadas no tempo. Sempre que possível, é preciso coragem para tentar despertá-las a sair do ócio e do discurso improdutivo. Lamento até algumas vezes o desejo de evitá-las e, sobretudo, que outros caçoem delas.
Segundo o psicólogo, o diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para ele, basta saber que o pai esquece o nome do filho, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.
O que fazer para evitar tal degeneração? Lendo muito, orienta Goldkorn, escrevendo, buscando a clareza das ideias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida “bandida”. O conselho desse profissional é para não sermos infalíveis como o seu pobre pai; não chegarmos ao topo nunca, pois dali só há um caminho: descer. “Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos”, diz. Ele até mesmo incentiva que aprendamos outra língua, mesmo aos sessenta anos.
Diversificar: algo essencial para o cérebro
Na crônica “Diversificar sempre” (Folha de S.Paulo, Equilíbrio, 12/2/2009), Wilson Jacob Filho (professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo) revela: “Sabemos que o cérebro mantém a capacidade de adquirir novas aptidões durante a vida. Estudos recentes mostram que desafiar as rotinas produz efeitos interessantes na capacidade de raciocínio”.
Para Wilson Jacob, por quem tenho grande admiração, há ao menos dois caminhos: fazer coisas novas e/ou fazer as mesmas coisas de forma diferente. Em ambos, somos obrigados a desenvolver outras estratégias de ação, o que determina a provável formação de novas conexões cerebrais. Para o médico, quem permanece aprendendo mantém capacidades de atividade cerebral semelhantes às dos mais jovens.
E isso não depende de cursos onerosos ou capacidades especiais, observa. Ao contrário, essas mudanças de atitude devem permear o cotidiano: aprender a preparar um prato, a podar uma roseira, a embrulhar um presente, são exemplos de aptidões que se pode adquirir facilmente. As mais complexas, como aprender um idioma, podem ser consequências naturais dessa mudança de hábito. Jacob convida a todos, então, a se fazerem a seguinte pergunta: “O que posso aprender hoje?” Seus neurônios agradecerão, finaliza o médico.
Com base nas declarações desses dois profissionais, fiquei tão motivado que comecei ontem mesmo, aos 60, a fazer “Sudoku”. Quem conhece? Basicamente, trata-se de um joguinho com nove quadrados, contendo números de um a nove, que não podem ser repetidos na mesma coluna e linha. Além de jogar o “Sudoku”, tenho o hábito de estar sempre incorporando algo novo em minha vida.
Navegar na internet auxilia a memória
Realizar pesquisas na internet pode trazer mais benefícios ao cérebro de pessoas de meia-idade e de idosos do que simplesmente a leitura de um livro, escreve a jornalista Cláudia Collucci no artigo “Busca na internet ativa cérebro de idoso” (Folha de S.Paulo, Saúde, 16/10/2008). Segundo a jornalista, a conclusão é de um estudo da Universidade da Califórnia (EUA), publicado no periódico científico “American Journal of Geriatric Psychiatry”.
Collucci menciona que, no envelhecimento, o cérebro sofre mudanças, como o encolhimento e a redução na atividade celular. Buscas na web estimulariam áreas cerebrais que controlam a tomada de decisões e o raciocínio complexo, segundo o estudo. Na avaliação de neurocientistas, atividades como palavras cruzadas, jogo de xadrez, baralho e outras atividades cerebrais estimulantes têm se revelado boas alternativas para as pessoas mais velhas reduzirem o risco de sofrer de demência, conta a jornalista. Nessa lista, eu incluo a importante atividade do voluntariado, que traz benefícios mútuos, para a pessoa que se doa e para a sociedade.
Mude já o comportamento rotineiro
O psicólogo Roberto Goldkorn dá várias dicas para escapar do Alzheimer. Ele coloca a palavra “felicidade” no topo da sua lista de prioridades, pedindo às pessoas que se mantenham interessadas no mundo, nas pessoas, no futuro...
Goldkorn revela que uma descoberta dentro da neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de sua conexão. Os autores dessa descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), explicam que “neuróbica”, a “aeróbica dos neurônios”, é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios. Cerca de 80% do nosso dia a dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o trabalho do cérebro.
Com isto, Goldkorn observa que o desafio da “neuróbica” é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. Eis algumas outras dicas: a) usar o relógio de pulso no braço direito; b) escovar os dentes com a mão contrária da de costume; c) andar pela casa de trás para frente (ele viu isso na China: pessoas treinando num parque); d) vestir-se de olhos fechados; e) estimular o paladar, comendo coisas diferentes; f) ver fotos de cabeça para baixo; g) ver as horas num espelho; h) fazer um caminho novo para ir ao trabalho...
Para finalizar, diz o psicólogo: critique menos e trabalhe mais. E nunca se esqueça de agradecer!
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”, escreveu Albert Einstein.
Eu, Tom Simões, penso como é bom quando conseguimos conciliar por toda a Vida a fantasia e a inocência inatas da criança com a generosidade e a sabedoria dos grandes Mestres. Penso também como devem ser infelizes as pessoas que ficam ranzinzas ao longo dos anos, não se renovam e exercitam suas mentes apenas para se lamentar e criticar. Desperdiçam o seu tempo, não aproveitando oportunidades de se transformar em instrumentos valiosos para a construção de um mundo melhor.
Temos de ter paciência com pessoas estacionadas no tempo. Sempre que possível, é preciso coragem para tentar despertá-las a sair do ócio e do discurso improdutivo. Lamento até algumas vezes o desejo de evitá-las e, sobretudo, que outros caçoem delas.
É tempo de construir. Tempo de mudar atitudes. É preciso que, a cada dia, um número cada vez maior de indivíduos conscientes se disponha a trabalhar pelo crescimento do outro, mesmo que duvidemos da disposição de mudança de algumas pessoas. Ainda que tenhamos de bater em pedra dura, não custa tentar. Certamente, em uma disposição dessa natureza, quem mais se doa ao outro é quem mais é gratificado.
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