Domingo, 15 de janeiro. Um lindo dia de sol. Saí, pela manhã, para caminhar pela praia. Logo após colocar os pés na rua, deparei-me com um homem e seu filho, pré-adolescente, sobre uma calçada, revelando-se terem ali passado a noite. O menino dormia, profundamente, sobre o chão frio. No semblante do pai, sentado, aquela triste cena chocou-me profundamente, sendo constantemente rememorada ao longo do dia.
Passei por aqueles dois indivíduos e caminhei mais alguns metros, refletindo sobre o inusitado. Aquele menino dormia na calçada da rua, e o meu filho, em um quarto com ar condicionado. A expressão do menino, que ali eu assemelhava ao meu filho, era da inocência própria da idade.
Não consegui caminhar muito. Meu corpo parecia travar. A mente forçava-me a parar e voltar, para falar com aquele homem. Parei por alguns instantes, pensando que estivessem com fome. Eu não poderia desfrutar da minha praia sem antes falar com ele, pensava.
Então voltei, disposto a oferecer algo, ainda que preocupado em poder ofender aquele ser humano, que nada havia me solicitado. Ele não parecia um mendigo, estava normalmente vestido. Ao seu lado, estavam pequenas bagagens. - Posso oferecer-lhe uma ajuda? - Eu lhe agradeceria, disse o homem. Estamos com muita fome, preciso comprar algo para comer.
De onde veio o senhor? Da Paraíba.
Eu estava com pouco dinheiro. Normalmente, quando vou correr ou andar pela praia, levo o suficiente para comprar uma água de coco. Mas naquele dia levava R$ 8,00, não sei por que razão. – Aceite, é o dinheiro que tenho no momento. Em troca, recebi um olhar de gratidão difícil de descrever. – Obrigado, meu jovem. O homem agradeceu.
Ao prosseguir a minha caminhada para a praia, mantive o meu “walkman” desligado. Esse aparelho, eu costumo ligá-lo, religiosamente, logo que ponho os pés na rua, quando pratico esporte. Naquele domingo eu o mantive desligado, substituindo-o por orações. Pedia à Virgem Maria que protegesse aquela família, que Ela emitisse uma luz que pudesse dar um bom destino àquele homem. Controlei-me o dia inteiro para não dar vazão às lágrimas, que facilmente rolavam em minha face, a cada momento que focalizava o menino dormindo naquela calçada.
Pensei então nas mesquinhas lamentações da gente no dia-a-dia. Ter que lavar louças, ir ao supermercado, acordar cedo, aborrecer-se por qualquer bobagem... Quem dera àquele homem, naquele momento, ter uma pia cheia de louças para lavar e dinheiro minimamente suficiente para saciar a fome da família!
Compaixão. É tudo o que o mundo precisa exercitar. Colocar, por exemplo, o coração na frente da cômoda idéia preconcebida de que mendigo é vagabundo. É muito triste pensar na indiferença da maioria das pessoas. Colocar-se no lugar do outro é o melhor começo para transformar o ser indiferente em ser solidário.
Essa coisa de fazer conexão com o que é Verdadeiro é inexplicável. É mágica. Não há nada no mundo que possa substituir a incrível sensação de bem-estar e segurança que experimentam aqueles que despertam para entrar em harmonia com as leis do Universo.
Não estou aqui para expressar estas experiências como necessidade de auto-alguma coisa. Há o desejo de despertar mais pessoas para reflexões e atitudes semelhantes. Creio não haver outro destino para o homem senão o de se libertar da superficialidade e adquirir consciência para o que é verdadeiramente produtivo e imutável.
Enquanto isto, sem ter com quem dividir estas experiências, vou me sentindo isolado, sem ter com quem conversar. Talvez por isso esteja ficando mais calado, passando a valorizar o silêncio. E, não raramente, vou surpreendendo-me com as recompensas que dele advêm. Para entrar em conexão com o Eu superior, o Eu íntimo, a essência do Ser, é preciso entender e valorizar o silêncio.
Passei por aqueles dois indivíduos e caminhei mais alguns metros, refletindo sobre o inusitado. Aquele menino dormia na calçada da rua, e o meu filho, em um quarto com ar condicionado. A expressão do menino, que ali eu assemelhava ao meu filho, era da inocência própria da idade.
Não consegui caminhar muito. Meu corpo parecia travar. A mente forçava-me a parar e voltar, para falar com aquele homem. Parei por alguns instantes, pensando que estivessem com fome. Eu não poderia desfrutar da minha praia sem antes falar com ele, pensava.
Então voltei, disposto a oferecer algo, ainda que preocupado em poder ofender aquele ser humano, que nada havia me solicitado. Ele não parecia um mendigo, estava normalmente vestido. Ao seu lado, estavam pequenas bagagens. - Posso oferecer-lhe uma ajuda? - Eu lhe agradeceria, disse o homem. Estamos com muita fome, preciso comprar algo para comer.
De onde veio o senhor? Da Paraíba.
Eu estava com pouco dinheiro. Normalmente, quando vou correr ou andar pela praia, levo o suficiente para comprar uma água de coco. Mas naquele dia levava R$ 8,00, não sei por que razão. – Aceite, é o dinheiro que tenho no momento. Em troca, recebi um olhar de gratidão difícil de descrever. – Obrigado, meu jovem. O homem agradeceu.
Ao prosseguir a minha caminhada para a praia, mantive o meu “walkman” desligado. Esse aparelho, eu costumo ligá-lo, religiosamente, logo que ponho os pés na rua, quando pratico esporte. Naquele domingo eu o mantive desligado, substituindo-o por orações. Pedia à Virgem Maria que protegesse aquela família, que Ela emitisse uma luz que pudesse dar um bom destino àquele homem. Controlei-me o dia inteiro para não dar vazão às lágrimas, que facilmente rolavam em minha face, a cada momento que focalizava o menino dormindo naquela calçada.
Pensei então nas mesquinhas lamentações da gente no dia-a-dia. Ter que lavar louças, ir ao supermercado, acordar cedo, aborrecer-se por qualquer bobagem... Quem dera àquele homem, naquele momento, ter uma pia cheia de louças para lavar e dinheiro minimamente suficiente para saciar a fome da família!
Compaixão. É tudo o que o mundo precisa exercitar. Colocar, por exemplo, o coração na frente da cômoda idéia preconcebida de que mendigo é vagabundo. É muito triste pensar na indiferença da maioria das pessoas. Colocar-se no lugar do outro é o melhor começo para transformar o ser indiferente em ser solidário.
“... As pessoas olham para você com nojo, inclusive os que dão esmolas, mas isso não é nada comparado à repugnância que se sente de si mesmo. É como viver aprisionado num cadáver ambulante, que sente fome, fede e demora a morrer.”
(A Sombra dos Ventos, Carlos Ruiz Zafón)
(A Sombra dos Ventos, Carlos Ruiz Zafón)
Essa coisa de fazer conexão com o que é Verdadeiro é inexplicável. É mágica. Não há nada no mundo que possa substituir a incrível sensação de bem-estar e segurança que experimentam aqueles que despertam para entrar em harmonia com as leis do Universo.
Não estou aqui para expressar estas experiências como necessidade de auto-alguma coisa. Há o desejo de despertar mais pessoas para reflexões e atitudes semelhantes. Creio não haver outro destino para o homem senão o de se libertar da superficialidade e adquirir consciência para o que é verdadeiramente produtivo e imutável.
Enquanto isto, sem ter com quem dividir estas experiências, vou me sentindo isolado, sem ter com quem conversar. Talvez por isso esteja ficando mais calado, passando a valorizar o silêncio. E, não raramente, vou surpreendendo-me com as recompensas que dele advêm. Para entrar em conexão com o Eu superior, o Eu íntimo, a essência do Ser, é preciso entender e valorizar o silêncio.
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